Entrevista com Cecília Bergamini realizada no dia 20/04/2009
P – Cecília, você tem muitos anos de trajetória profissional na área de recursos humanos. O que mudou nas empresas e na gestão de pessoas nos últimos anos?
R: Minha trajetória profissional iniciou num Banco Francês, como psicóloga. Fui contratada para aplicar testes de seleção e fazer a folha de pagamento. Implantei o processo de avaliação de desempenho, fui questionada por várias gerentes, mas o processo foi bem aceito pelo diretor que algum tempo depois me mandou para Paris, conhecer as políticas de RH do banco na fonte.
Percebo uma mudança no foco, antes as pessoas entravam nos cargos. Hoje, as diferenças individuais são valorizadas. Tudo muda nas empresas, menos as pessoas. “As empresas tratam as pessoas como se todas usassem um tamanho único, e não deve ser assim, a roupa deve ser personalizada”. Os empregados entravam na empresa numa escala salarial e as competências e a liderança eram esquecidas
Hoje, a preparação de líderes eficazes e estudos do comportamento na empresa são diferenciais, não tecnologia ou máquinas.
P – Como estudiosa da área de gestão, que tipos de conteúdos serão mais bem explorados pelas organizações, quais são as tendências para gestão organizacional?
R: Liderança, comportamento organizacional e motivação. O comportamento organizacional é tão importante que não deve ser restrito a área de recursos humanos, deve ter o envolvimento da cúpula. O problema não é selecionar talentos e sim retê-los.
P – Gestão de Pessoas Como Recurso da Humanização Organizacional é o tema da sua palestra. Em sua opinião, qual é o papel dos gestores na humanização organizacional?
R: Os gestores devem ser bem preparados. A ênfase das empresas européias atualmente é o desenvolvimento de executivos e em estudos sobre patologias em empresas.
P – Nós temos um curso de graduação em Gestão de Recursos Humanos na Faculdade. Qual é o conselho que a senhora tem a oferecer para os nossos alunos? Que tipos de variáveis influenciam uma carreira profissional?
R: Leiam, leiam, leiam… É importante ler periódicos, pesquisas publicadas, saber o que acontece no mundo. Estagiar em empresas, sentir os problemas humanos e aprender como não trabalhar. Ocupem o espaço do gestor de pessoas, que muitas vezes são ocupados por profissionais sem conhecimento comportamental.
P – Em meio à instabilidade econômica, de que forma as empresas podem trabalhar o comprometimento dos colaboradores?
R: As empresas não devem economizar com relação às pessoas. Devem dimensionar bem seu quadro de gestores. Por exemplo, para cada 20 funcionários operacionais, um gestor; já para o trabalho intelectual para cada 4 ou 5 pessoas, um líder. O problema de consultoria em empresas públicas é a forma de organização, que não permite a adoção de várias ações.
